O tempo passa rápido demais e eu não posso fazer nada.
Os
dias voam, os problemas acumulam, as preocupações aumentam e o essencial da vida vai sumindo aos poucos.
Os detalhes que antes me faziam sorrir sozinha no meio de uma rua qualquer,
hoje passam
despercebidos aos olhos de quem está com a cabeça cheia de grandes coisas. Aqueles
que me faziam ter os melhores dias, se tornaram pesos que me cansam. As belas
sensações que me causavam arrepios instantâneos, estão cada vez mais raras. O
amor que eu espalhava aos quatro cantos do mundo se perdeu em meio a tanta
maldade alheia. A criança boba se trancou e mostrou a todos uma cara feia. A
pressa se mostra presente. Tudo ao redor cresce “num já” e é difícil
acompanhar. O mau humor não sai de perto e tudo é tão rotineiro que eu entro no
piloto automático.
Ser adulto é isso? É ser infeliz e relembrar os momentos que não vão voltar?
Isso é crescer? Amadurecer?
Lamento informar a todos que já se acostumaram mas vou rir todos os dias do
mesmo detalhe mínimo no meio de uma rua qualquer. Não vou me cansar de ninguém,
e sim deixar isso passar despercebido. Vou buscar insanamente todas as belas
sensações que vão se tornar presentes. Vou sorrir a toda maldade e oferecer meu
amor em troca. Vou dar ‘oi’ a criança boba e apresenta-la ao universo, meu
universo. Vou ver todas as flores crescendo no meu jardim. Vou me recuperar de todo
o mau humor e desviar de toda a rotina chata. Vou ser uma eterna adulta com
alma de criança, quebrando todos os padrões e seguindo apenas um: ser feliz,
mas de verdade.
• Gabriele Bondavali •
